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Feliz Ano Novol!!!

Único destaque dos 100 dias de Yan Lopes é investigação dos vereadores sobre a FUSAM que pode custar seu mandato

Os primeiros 100 dias de governo do prefeito de Caçapava, Yan Lopes (Podemos), eleito em 2024 com 34,39% dos votos válidos, foram marcados por um único e preocupante destaque: uma investigação conduzida por vereadores sobre a Fundação de Saúde e Assistência Municipal (FUSAM), que pode custar seu mandato.

Aos 24 anos, o jovem gestor, que assumiu o cargo em 1º de janeiro de 2025 com a promessa de priorizar a saúde, enfrenta uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) na Câmara Municipal que apura divergências na dívida do hospital público, enquanto a população ainda não viu mudanças significativas em sua gestão e os problemas crônicos da cidade continuam.

A CEI, presidida pela vereadora Dani Galdino (Republicanos) e com o vereador Bruno Henrique entre seus membros, foi aprovada em 13 de março por iniciativa do presidente da Câmara, Henrique Meireles (PL), que não poupou críticas ao prefeito. O foco da investigação é a diferença nos valores dos precatórios da FUSAM: Yan Lopes afirma que a dívida é de R$ 60 milhões, enquanto a ex-prefeita Pétala Lacerda (Republicanos) alega que o montante seria de R$ 28 milhões. “Estamos aguardando a documentação solicitada e logo que estiver em mãos vamos analisar e dar prosseguimento às oitivas”, afirmou a presidente da CEI, Dani Galdino, destacando o andamento da investigação.

O que é uma CEI?

Uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) é um instrumento legislativo utilizado pelas Câmaras Municipais para investigar possíveis irregularidades na administração pública. Prevista na Constituição Federal e no regimento interno das casas legislativas, a CEI tem poderes de fiscalização, como convocar testemunhas, requisitar documentos e apurar fatos determinados. Embora não possa aplicar punições diretamente, suas conclusões podem ser encaminhadas ao Ministério Público ou servir de base para processos políticos, como a cassação de um mandato, desde que haja provas robustas e apoio da maioria qualificada dos vereadores.

Saúde como promessa, mas epicentro da crise

A saúde foi a principal bandeira de campanha de Yan Lopes, e a FUSAM, principal unidade pública da cidade, era para ser o carro-chefe de sua gestão. No entanto, tornou-se epicentro de uma crise que dominou seus 100 dias de governo. Em janeiro, o prefeito criou um “gabinete de crise” para avaliar a situação do hospital, prometendo um relatório com os problemas encontrados. “A gestora da FUSAM foi colocada no olho do furacão”, declarou Lopes ao Link Vanguarda em 9 de janeiro de 2025, sugerindo irregularidades herdadas. Mas a iniciativa não foi suficiente para evitar a investigação dos vereadores, que se tornou o único destaque de sua gestão até agora.

População não vê mudanças e problemas persistem

Enquanto a CEI avança, a população de Caçapava reclama que ainda não viu mudanças concretas na gestão de Yan Lopes, e os problemas da cidade continuam sem solução. Entre as principais queixas estão pontos de ônibus sem cobertura, deixando os moradores expostos à chuva, matos altos em diversos bairros, que dificultam a circulação e aumentam a insegurança, e a falta de iluminação pública em várias áreas, comprometendo a segurança à noite. “Esperávamos mais ação, mas até agora nada mudou”, desabafa Maria Oliveira, moradora do bairro Jardim Rafael, que enfrentou dificuldades para se abrigar da chuva em um ponto de ônibus sem cobertura na última semana.

Críticas por nomeações de fora

Além dos problemas estruturais, Yan Lopes também foi alvo de críticas por importar pessoas de fora da cidade para ocupar cargos na prefeitura, uma prática que ele mesmo condenava durante sua campanha. “Ele sempre criticou os antecessores por trazerem gente de fora, mas está cometendo os mesmos erros”, aponta o comerciante José Carlos, do centro de Caçapava. A nomeação de aliados de outras cidades para cargos estratégicos tem gerado descontentamento entre os moradores, que esperavam maior valorização de profissionais locais.
A rapidez da CEI, instaurada antes dos 100 dias de governo, é vista como um sinal de hostilidade legislativa. “Yan Lopes não conseguiu emplacar nenhuma marca positiva em seus primeiros meses, e a investigação sobre a FUSAM, somada às reclamações da população, o coloca em uma posição delicada”, avalia o cientista político João Silva, da Universidade do Vale do Paraíba. “Se os vereadores encontrarem falhas diretas de sua administração, o desgaste pode ser irreversível.”

Mandato em risco

A investigação dos vereadores sobre a FUSAM tem potencial para custar o mandato de Yan Lopes. Caso a CEI encontre evidências de má gestão ou irregularidades atribuíveis ao prefeito, o relatório pode ser encaminhado ao Ministério Público, abrindo caminho para processos cíveis ou criminais. Em um cenário extremo, se forem comprovados atos de improbidade administrativa e houver apoio de dois terços dos vereadores, um processo de cassação poderia ser iniciado — uma possibilidade rara, mas não descartada, dado o tom político da investigação.
A relatora da CEI, vereadora Catiane Fonseca (União), detalhou o andamento do processo: “Como Relatora da Comissão Especial de Inquérito, estou aguardando a FUSAM enviar para esta comissão uma relação de documentos, sobre os quais ela já foi oficiada. Após a análise destes documentos e com base nas oitivas que se iniciarão ainda nesse mês de abril, serão traçadas pelos membros da CEI as próximas etapas das investigações. Nosso objetivo é tratar com isenção e imparcialidade as questões que justificaram a instauração da Comissão Especial de Inquérito e elucidar se houve ou não irregularidades nos pagamentos de precatórios feitos pela FUSAM.” A fala reforça o compromisso da comissão com uma apuração imparcial, mas também sinaliza que a pressão sobre o prefeito deve continuar.

A oposição, com figuras como Meireles e Galdino — ambos de partidos que apoiaram adversários de Lopes em 2024 —, parece disposta a usar a FUSAM como palco de disputa, enquanto o prefeito luta para manter o controle de sua gestão em meio a um cenário de insatisfação popular.

Resposta de Yan Lopes

O prefeito foi questionado pela equipe do 12 News sobre as informações desta matéria, incluindo as reclamações da população, as críticas às nomeações e a investigação da CEI, e teve a oportunidade de se manifestar, mas não se pronunciou até o fechamento desta reportagem. Sua juventude e inexperiência política são testadas em um início de governo dominado por uma crise que ele não conseguiu evitar, agravada pela falta de avanços visíveis para os moradores.

O que vem pela frente?

Com a investigação dos vereadores em andamento e os problemas da cidade sem solução, os próximos meses serão decisivos para Yan Lopes. Se a CEI confirmar sua versão e apontar problemas herdados, ele pode recuperar o fôlego político. Caso contrário, o desgaste político e jurídico, somado à insatisfação da população, pode comprometer sua gestão, que já começou sob um único e negativo destaque. Em Caçapava, os primeiros 100 dias de Yan Lopes entraram para a história como um período de tensão e incerteza, com a investigação sobre a FUSAM e as críticas dos moradores ameaçando o futuro de um mandato que mal começou. A população agora acompanha o desenrolar dessa crise, que definirá o rumo da administração municipal.


Por Francisco Leandro, 12 News