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Butantan fecha parceria com Replicate para vacina antirrábica de srRNA

Imagem: Vacina antirrábica de srRNA

Butantan fecha parceria com Replicate para vacina antirrábica de srRNA

O Instituto Butantan, ligado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, anunciou uma parceria estratégica com a Replicate Bioscience, empresa de biotecnologia sediada em San Diego, Califórnia (EUA). O objetivo desse acordo inovador é o desenvolvimento e comercialização de uma vacina antirrábica de srRNA, baseada em RNA mensageiro autorreplicante.

Esse tipo de vacina faz parte de uma nova geração de imunizantes que promete maior eficácia com menores doses. A colaboração tem como foco a profilaxia pré e pós-exposição contra a raiva, uma doença viral que continua sendo letal em muitas regiões do mundo.

Tecnologia de RNA autorreplicante: inovação na imunização

A Replicate Bioscience desenvolveu uma plataforma exclusiva de RNA autorreplicante (self-replicating RNA – srRNA), que representa uma evolução nas tecnologias baseadas em mRNA. Esse tipo de RNA tem como principal diferencial a capacidade de gerar múltiplas cópias das proteínas-alvo diretamente no organismo, potencializando a resposta imunológica e oferecendo proteção eficiente por mais tempo.

O srRNA também permite que as vacinas sejam administradas em doses menores, sem comprometer sua eficácia. Em um estudo clínico de fase 1, o imunizante nomeado de RBI-4000 demonstrou excelente imunogenicidade, com bioatividade duradoura em baixas doses e reatogenicidade leve a moderada.

Esses resultados são especialmente relevantes diante das limitações observadas em vacinas de mRNA convencionais, sobretudo em termos de estabilidade e eficácia com doses reduzidas.

Vacina antirrábica de srRNA será fabricada no Brasil

Nos termos do acordo firmado, o Instituto Butantan será o responsável por conduzir os ensaios clínicos de registro da nova vacina antirrábica de srRNA. Caso os ensaios obtenham sucesso, o Instituto ficará encarregado da comercialização do imunizante no Brasil e em toda a América Latina.

Já a Replicate será responsável pelo fornecimento da tecnologia e conduzirá as atividades ligadas aos mercados fora da América Latina. A empresa também ficará com os direitos relacionados à distribuição do RBI-4000 nos demais continentes.

Além disso, a Replicate fará a transferência completa do processo de fabricação para a unidade do Butantan especializada em vacinas de mRNA. Essa integração deve garantir agilidade no desenvolvimento e escalonamento da produção.

Instituições compartilham inovação e conhecimento

O acordo também estabelece que os dados gerados durante toda a parceria serão compartilhados entre as duas instituições. Isso não só aprimora as condições para o sucesso do projeto atual como também pode acelerar a aplicação da tecnologia srRNA em outras vacinas futuras.

Segundo a Replicate Bioscience, a aliança estratégica amplia suas estruturas científicas e operacionais, enquanto o Butantan ganha acesso a uma tecnologia promissora e segura, com potencial para transformar o enfrentamento de doenças infecciosas no país e na região latino-americana.

“É uma parceria que pode trazer grandes benefícios para a saúde pública. Uma tecnologia de ponta, inovação e ciência para o enfrentamento da raiva. Estamos muito entusiasmados com a parceria que reforça o papel estratégico do Instituto Butantan como polo de inovação e ciência”, declarou Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan.

“É uma honra colaborar com o Instituto Butantan, líder global na luta contra doenças infecciosas mortais. Consideramos essa uma oportunidade empolgante para avançar clinicamente com a vacina antirrábica de srRNA da Replicate em parceria com o Butantan e expandir nossas estruturas científicas, operacionais e de produção que podem ser aplicadas a outras doenças”, afirmou Nathaniel Wang, CEO da Replicate.

Perspectivas para a vacina antirrábica de srRNA RBI-4000

A vacina RBI-4000 tem perfil de segurança promissor. O estudo clínico de fase 1, conduzido previamente pela Replicate, indicou que o imunizante estimula uma resposta robusta do sistema imunológico, mesmo em pequenas doses. Além disso, a ocorrência de efeitos adversos foi considerada leve ou moderada — um diferencial importante em comparação com as vacinas de mRNA tradicionais.

O Instituto Butantan irá financiar o desenvolvimento clínico completo das aplicações pré e pós-exposição da vacina RBI-4000. Após a aprovação regulatória, o Instituto também terá os direitos comerciais exclusivos na América Latina. Em contrapartida, a Replicate receberá royalties sobre as vendas na região.

Benefícios para o sistema de saúde na América Latina

A nova vacina traz inovação tecnológica que pode beneficiar drasticamente o sistema de saúde público brasileiro e latino-americano. Afinal, a raiva permanece uma preocupação significativa em diversas áreas rurais e urbanas.

  • Possibilidade de uso em doses menores;
  • Maior eficácia mesmo em perfil de exposição avançado;
  • Produção local agilizada com transferência de tecnologia;
  • Aplicação em larga escala em países em desenvolvimento;
  • Potencial para expansão com foco em outras doenças infecciosas.

A vacina antirrábica de srRNA também poderá contar com avanços em termos de armazenamento e logística. A colaboração entre Replicate e Butantan inclui esforços conjuntos para melhorar a estabilidade térmica do imunizante, bem como a eficiência da cadeia fria. Tais avanços podem reduzir custos e facilitar a distribuição em locais com infraestrutura limitada.

Conclusão: um novo marco para a ciência no Brasil

A parceria entre o Instituto Butantan e a Replicate Bioscience posiciona o Brasil como líder em inovação biotecnológica na América Latina. Ao adotar uma abordagem científica de vanguarda, o país avança rumo à independência tecnológica e ao fortalecimento de sua capacidade de resposta a emergências de saúde pública.

Mais do que uma solução para a raiva, a vacina antirrábica de srRNA abre caminho para o desenvolvimento de novos imunizantes baseados em RNA autorreplicante. Essa tecnologia pode ser adaptada para outras doenças, como dengue, zika e até futuras pandemias.

Por fim, esse acordo é um exemplo de como parcerias internacionais baseadas em ciência e inovação podem transformar realidades locais, salvar vidas e servir como modelo para outros países. A expectativa é de que, com a conclusão dos próximos estudos clínicos, o RBI-4000 esteja disponível para proteger milhões de pessoas na América Latina.