A Covid-19 obrigou os educadores a se reinventarem e trouxe novos desafios para educação brasileira
Ficou para trás o tempo em que era obrigatório sair de casa usando máscaras e com álcool em gel nas mãos. Muitos medos foram superados e a pandemia de covid-19 tornou-se apenas uma lembrança. Mas este período foi o suficiente para impactar consideravelmente a educação escolar, que já era um dos principais desafios do Brasil.
No Dia do Professor, celebrado no domingo (15), docentes pernambucanos serão homenageados. Passado o sufoco, eles não conseguem esquecer daqueles momentos.
O Diario de Pernambuco conversou com profissionais, que contaram a experiência no período de pós-pandemia. Mesmo depois dessa época conturbada, eles encontram pedras no caminho e tentam recuperar o tempo perdido para garantir um ensino de qualidade através de projetos inovadores.
Na média mundial, entre fevereiro de 2020 e agosto de 2021, as escolas ficaram com as portas fechadas por 121 dias letivos e funcionaram de forma parcial por 103 dias.
Garantir o aprendizado de qualidade para os alunos que ficaram tanto tempo fora das salas de aula é um dos principais desafios encontrados pelos professores. O uso da tecnologia foi encarado pelos educadores como um desafio, mas era uma das poucas aliadas na luta para amenizar os impactos do distanciamento social.
A professora de biologia Mariana Xavier dos Santos abraçou as oportunidades oferecidas pelo meio digital e aprimorou a própria metodologia de ensino com o intuito de fazer com que os alunos aprendam na prática.
“Mesmo voltando [para a sala de aula] nesse período pós-pandemia, eu continuei usando muitas das ferramentas que a gente precisou usar na época, como plataformas digitais, quizzes e trabalhos diferenciados. O professor virou um mediador de verdade, que é o que ele deve ser. Nós não somos detentores de todo o conhecimento, mas mediadores do conhecimento, e isso nos ajudou, a impulsionar ainda mais”, ressalta a educadora.
O uso de tecnologias pode tornar as aulas mais práticas, lúdicas e dinâmicas, além de estimular a criatividade dos alunos e gerar mais engajamento. De acordo com a pesquisa “Conselho de Classe”, realizada pela Fundação Lemann, 92% dos professores acreditam que as tecnologias podem trazer benefícios para a educação.
Evasão escolar
Outra adversidade que preocupa os professores é a evasão escolar, que chegou a 5% em 2021, sendo o dobro do ano anterior, que chegou a 2,3%. A evasão escolar acontece quando o estudante não retorna para realizar a matrícula na escola, diferentemente do abandono escolar, que ocorre quando o aluno deixa o colégio de forma repentina.
A evasão escolar atinge principalmente estudantes com idades entre 16 e 18 anos, em sua maioria homens e negros, que são socialmente e economicamente mais vulneráveis. Uma pesquisa da Unicef mostrou que um dos principais potencializadores desta evasão, já que nem todos os alunos possuem acesso à Internet.
Aproximadamente dois milhões de estudantes de 11 a 19 anos não voltaram para as escolas, e os que vão às aulas, alegam que não conseguem acompanhar as explicações dos professores nem as atividades.
Para combater a evasão, a professora Raiane Nunes decidiu aderir a um ensino mais direcionado na sala de aula, atendendo a cada necessidade específica dos alunos. Ela contou com a ajuda da tecnologia para rever assuntos que anos anteriores e amenizar os prejuízos das aulas à distância.
“Na medida em que a gente volta o conteúdo, revê e insiste na aprendizagem, fazemos com que ela tenha sentido na vida do aluno. E quando a escola e a gestão andam juntas nesse processo, faz a busca ativa e tenta mostrar para quais caminhos a educação pode levá-lo, naturalmente diminuímos a evasão”, explica.
Ter um olhar atento às necessidades dos alunos e investir na individualidade de cada é um dos focos dos educadores modernos. Através da dedicação e de projetos direcionados, a educação brasileira tende a evoluir, garantindo um futuro mais consciente.
fonte Diário do Pernambuco