Número está acima da média e é registrado em um período de seca severa e depois de anos de desmatamento em alta.
O estado do Amazonas registrou 6.991 focos de queimadas até 29 de setembro, de acordo com dados do “Programa Queimadas”, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
É o pior resultado do ano no estado, superando o verificado em agosto, mês até então com mais queimadas no Amazonas em 2023.
Considerando os dados históricos coletados pelo Inpe desde 1998, os números do governo federal colocam o período como o segundo pior mês de setembro no total de focos de queimadas no estado.
- Na série histórica, setembro de 2022 tem o recorde negativo, com 8.659 focos.
- Média de queimadas em setembro é de 3.003.
- Em agosto deste ano foram 5.474 focos, contra uma média de 3.532.
Fogo nos estados e no bioma
O número registrado no Amazonas não é realidade de toda a região na atual temporada de queimadas.
No bioma Amazônia, foram registrados 25.414 focos em setembro deste ano, número abaixo da média que é 32.477.
Apesar disso, Amapá e Roraima também registraram números acima da média em setembro. A realidade dos demais estados é a seguinte:
- Acre – 3.074 focos (média 3.362)
- Rondônia – 2.651 focos (média 6.910)
- Roraima – 194 focos (média 48)
- Pará – 9.507 focos (média 9.247)
- Maranhão – 4.719 (média 5.197)
- Amapá – 434 (média 125)
- Tocantins – 2.681 (média 4.754)
- Mato Grosso – 4.219 (média 13.731)
Desmatamento em baixa
Os números negativos de focos de queimadas vão na contramão de uma tendência de baixa no desmatamento na região, que teve queda de 66% em agosto.
Desde o começo do mês até 22 de setembro (dado mais recente disponível), alertas de desmatamento foram emitidos pelo Inpe para uma área de 346 km², sendo que Pará, Mato Grosso e Amazonas lideravam a perda florestal em setembro.
O número é inferior ao visto no mesmo período do ano anterior, que registrou 1.070,89 km² de florestas derrubadas.
Fogo para limpeza de áreas desmatadas
A manutenção de um número de queimadas acima da média no Amazonas ocorre em meio a um período de seca severa e depois de anos de desmatamento em alta no bioma. As queimadas na Amazônia têm relação direta com o desmatamento.
O fogo é parte da estratégia de “limpeza” do solo que foi desmatado para posteriormente ser usado na pecuária ou no plantio.
Uma das consequências imediatas é a piora na qualidade do ar. Nesta semana, a fumaça de queimadas voltou a encobrir Manaus e qualidade do ar foi considerada péssima.
Segundo Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas Fogo e diretora de Ciência do IPAM, a poluição do ar decorrente das queimadas é um dos maiores problemas na Amazônia.
Estado de emergência
O governador do estado Wilson Lima decretou, na semana passada, estado de emergência ambiental, que ficará em vigência durante 90 dias. No estado do Amazonas, por exemplo, a Defesa Civil prevê uma seca recorde neste ano.
Dos 62 municípios, 17 já estão em situação de emergência e 38, em alerta. O governo federal, em parceria com o local, criou uma força-tarefa para lidar com problemas como a navegação de embarcações prejudicada pelas áreas rasas dos rios.
Entre as medidas anunciadas estão o apoio às famílias afetadas com o envio de ajuda humanitária, distribuição de kits de higiene pessoal, hipoclorito de sódio, além de renegociação de dívidas e fomento aos produtores rurais.
Já a Defesa Civil fará a capacitação de agentes municipais e estaduais de Defesas Civis; entrega de purificadores coletivos de água; emissão de alertas e orientações para a população e demais entes públicos; aquisição de cestas básicas e caixas d’água para a população afetada.