Por Francisco Leandro
Eles estão lá todos os dias, independentemente do clima: na chuva torrencial que encharca as ruas ou no sol escaldante que queima a pele. De madrugada, quando a cidade ainda dorme, ou à noite, sob luzes artificiais, os profissionais da coleta de resíduos urbanos – popularmente conhecidos como garis ou coletores de lixo – desempenham um trabalho essencial que muitas vezes passa despercebido pela sociedade. São eles os responsáveis pela limpeza das nossas cidades, recolhendo toneladas de lixo das casas e vias públicas, contribuindo diretamente para a saúde coletiva e a preservação do meio ambiente.
No Brasil, o setor de limpeza urbana emprega centenas de milhares de profissionais – estimativas baseadas em dados oficiais apontam para cerca de 350 mil trabalhadores envolvidos diretamente no manejo de resíduos sólidos urbanos, considerando a produtividade média de 1,6 a 1,7 empregados por mil habitantes. Entre eles, há tanto homens quanto mulheres, com uma crescente participação feminina que desafia preconceitos e traz diversidade ao ofício. Em diversas cidades, como São Paulo, Vitória e Brasília, histórias de mulheres garis inspiram e mostram que o trabalho árduo não tem gênero.
O esforço físico é imenso: muitos coletores percorrem entre 10 e 20 quilômetros por dia, muitas vezes correndo atrás dos caminhões de coleta para agilizar o serviço e cobrir rotas extensas. Apesar disso, a remuneração média fica em torno de R$ 1.700 a R$ 2.200 mensais, dependendo da região e da empresa, muitas vezes acrescida de adicional de insalubridade.
Mas o trabalho vai além do cansaço físico. Esses profissionais enfrentam riscos constantes: acidentes com objetos perfurocortantes escondidos no lixo, exposição a agentes biológicos e químicos que podem causar doenças, atropelamentos, quedas e problemas ergonômicos devido ao esforço repetitivo. Estudos e relatos apontam que cortes, contaminações e lesões musculares são comuns, destacando a necessidade de equipamentos de proteção adequados e maior reconhecimento dos perigos da profissão.
Uma forma simples de tornar o dia a dia deles mais seguro e eficiente é a separação correta dos resíduos em casa. A coleta seletiva – dividir orgânicos, recicláveis, rejeitos e materiais perigosos – facilita o trabalho dos coletores, reduz o volume de lixo enviado a aterros, preserva recursos naturais, diminui a poluição e impulsiona a reciclagem, gerando renda para cooperativas e contribuindo para um Brasil mais sustentável.
Com a chegada do Natal, época de reflexão e generosidade, é o momento ideal para valorizar esses heróis anônimos. Muitos cidadãos já adotam a bela tradição de presentear os garis com panetones, champanhe (ou sidra), roupas, doces ou até uma simples palavra de gratidão. Essas ações não só alegram o fim de ano deles, como reconhecem a importância vital que têm para nossas cidades.
Na próxima vez que o caminhão de lixo passar pela sua rua, lembre-se: atrás daqueles uniformes laranja ou verde, há pessoas que merecem nosso respeito e admiração. Feliz Natal a todos os profissionais da limpeza urbana – vocês fazem a diferença!
