2025 está chegando..

d
h
m
s
Feliz Ano Novol!!!

Cientistas brasileiros descobrem como câncer de mama resiste ao tratamento

Imagem: Câncer de mama resistente

Cientistas brasileiros descobrem como câncer de mama resiste ao tratamento

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP lideram uma descoberta significativa que pode mudar o rumo do tratamento do câncer de mama resistente. O estudo, conduzido em colaboração com cientistas da Universidade de Oslo, Noruega, e da Universidade de Toronto, Canadá, desvenda o mecanismo biológico usado por alguns tumores para escapar das terapias convencionais.

Descoberta revela como o câncer de mama resistente se desenvolve

O foco do estudo recai sobre os mecanismos de resistência de células tumorais dependentes de hormônios, particularmente as do tipo luminal A. Esse subtipo de câncer de mama é responsável por cerca de 70% dos casos no mundo. Ele é considerado o de melhor prognóstico entre os subtipos hormonais, mas há um problema: muitos tumores nesse grupo acabam apresentando resistência, dificultando a eficácia a longo prazo dos medicamentos.

O estudo realizado pelos pesquisadores brasileiros aponta que as células tumorais aprendem a usar proteínas do próprio organismo de maneiras inesperadas para sobreviver às terapias. É como se o tumor “driblasse” os medicamentos, tornando-se insensível a eles. Esse comportamento torna o câncer de mama resistente um desafio contínuo para os especialistas em oncologia.

O papel do núcleo celular e estrogênio no câncer de mama resistente

Durante o estudo, os pesquisadores observaram que a maioria dos medicamentos atua bloqueando ou diminuindo a ação do estrogênio, hormônio ligado diretamente ao crescimento dessas células tumorais. No entanto, identificou-se que as células resistentes não apenas tornam-se menos dependentes do hormônio, como também alteram genes no núcleo celular para neutralizar o efeito dos tratamentos.

Segundo a pesquisadora Suely Marie, professora do ICB, as células tumorais que apresentam esse comportamento sofrem mutações epigenéticas. Em vez de mutações nos genes, ocorrem modificações que alteram a forma como os genes são ativados ou desativados. Isso contribui fortemente para a resistência aos medicamentos, pois impede que eles cumpram adequadamente sua função.

Com o uso de técnicas como o RNA-seq, o grupo identificou alterações em padrões de expressão gênica que ajudam o tumor a sobreviver mesmo sem o estrogênio. Ou seja, o câncer encontra rotas alternativas de sobrevivência, frustrando os tratamentos convencionais.

Como os novos dados sobre câncer de mama resistente podem influenciar terapias futuras

O estudo traz não apenas uma explicação para processos de câncer de mama resistente, mas também novas perspectivas terapêuticas. De acordo com os pesquisadores, ao identificar os genes e rotas moleculares envolvidos nessa adaptação do tumor, há agora a possibilidade de desenvolver medicamentos mais específicos, voltados justamente para esses mecanismos de escape.

  • Medicamentos que modulam a epigenética podem ajudar a restaurar a sensibilidade ao tratamento hormonal.
  • As estratégias podem incluir inibidores de proteínas modificadas no processo de resistência celular.
  • Novas combinações terapêuticas podem ser criadas para impedir que tumores hormonais escapem da ação medicamentosa.

Esses avanços abrem caminho para uma abordagem mais personalizada no combate ao câncer de mama, especialmente para pacientes que enfrentam recaídas após o início do tratamento hormonal.

Impacto e reconhecimento internacional da pesquisa brasileira

Os resultados da pesquisa foram publicados na renomada revista internacional Cell Reports. Essa visibilidade dá reconhecimento à produção científica nacional e ao impacto dos estudos feitos no Brasil sobre doenças de escala global.

A pesquisa se destacou pela aplicação de sistemas de big data e aprendizado de máquina (machine learning), o que permitiu aos cientistas encontrar conexões entre dados genéticos complexos. Esses recursos aprimoraram consideravelmente a precisão das análises, facilitando a identificação dos padrões epigenéticos alterados nas células resistentes.

Importância do financiamento e da colaboração internacional

O trabalho foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e contou com colaborações internacionais fundamentais. Pesquisadores da Universidade de Oslo e da Universidade de Toronto foram coautores do estudo, reforçando a importância da cooperação científica entre instituições.

Além do apoio financeiro, o estudo também contou com amostras de tumores humanos e modelos in vitro e in vivo, o que proporcionou maior robustez aos dados obtidos. Isso demonstra que grandes descobertas podem surgir quando pesquisa de qualidade, dados reais e análise detalhada caminham juntos.

Caminhos futuros na luta contra o câncer de mama resistente

Embora a pesquisa represente um passo importante, ela não encerra a busca por soluções para o câncer de mama resistente. Pelo contrário, ela aponta novas perguntas e caminhos de investigação. Os próprios pesquisadores afirmam que será necessário explorar mais profundamente como as alterações epigenéticas contribuem para o escape terapêutico nos diversos subtipos de câncer.

Dessa forma, o estudo não apenas amplia o entendimento atual sobre o comportamento tumoral, mas também serve de base para o desenvolvimento de testes genéticos mais sofisticados, capazes de prever quais pacientes têm maior risco de desenvolver resistência ao tratamento hormonal.

Com esse conhecimento, médicos poderão identificar precocemente quando ajustar o protocolo terapêutico de uma paciente, inclusive adotando intervenções alternativas antes que a resistência se instale completamente.

Resumo das principais descobertas da pesquisa

  • Câncer de mama do tipo luminal A pode driblar os principais tratamentos hormonais.
  • Isso ocorre através de alterações epigenéticas que modificam a forma como os genes das células tumorais se comportam.
  • As células conseguem sobreviver sem a presença do estrogênio, hormônio normalmente vital para seu crescimento.
  • Ao entender esse mecanismo, pesquisadores vislumbram novos tratamentos que poderiam impedir o desenvolvimento da resistência.
  • A pesquisa foi publicada na revista Cell Reports e teve apoio da Fapesp com pesquisadores no Brasil, Canadá e Noruega.

Conclusão: conhecimento que salva vidas

O avanço obtido pelos pesquisadores brasileiros é fundamental para entender melhor o câncer de mama resistente e, mais ainda, para propor formas mais eficazes de tratá-lo. A luta contra o câncer depende de conhecimento científico, cooperação internacional e investimentos contínuos em pesquisa.

Em um cenário onde milhares de mulheres enfrentam todos os anos um dos tipos de câncer mais comuns entre o público feminino, descobertas como essa fazem toda a diferença. Elas nos aproximam de um futuro onde tratamentos mais eficazes e personalizados estarão disponíveis para quem mais precisa.