Personal trainer explica se a prática de exercícios físicos após uma noite de excessos alcoólicos é realmente benéfica ou arriscada
O Carnaval está chegando e somente na cidade do Rio de Janeiro desfilam mais de 450 blocos oficiais – sem contar os blocos não-oficiais, as festas e os desfiles na Sapucaí. Para os foliões de plantão, que esperam o ano inteiro pela maior festa do mundo, podem ser dias intensos de muita bebida alcoólica e curtição. No entanto, após exagerar no consumo alcoólico, muitas pessoas acreditam que se exercitar é uma boa forma de “expulsar” o álcool ou “curar” a ressaca. Mas será que isso é verdade ou apenas um mito popular? Para esclarecer essa questão e entender os potenciais riscos envolvidos, conversamos com o personal trainer Caio Signoretti.
Segundo Caio, a ideia de que o exercício pode curar a ressaca é, na maioria dos casos, um equívoco. Ele destaca que, embora o exercício físico possa ajudar a acelerar a remoção das toxinas do corpo, não há evidências científicas sólidas que comprovem sua eficácia na eliminação mais rápida do álcool que circula pelo organismo.
“O exercício físico vai aumentar a frequência cardíaca e a circulação sanguínea, então isso por si só, já influencia o corpo a transpirar mais. Esse mecanismo fisiológico acaba ajudando a acelerar a retirada de toxinas do corpo e equilibra novamente o organismo, mas a principal causa da ressaca é a desidratação”, explica Caio Signoretti.
Entretanto, se o indivíduo decidir treinar mesmo assim, é importante tomar alguns cuidados. “É fundamental ouvir o corpo e não exagerar na intensidade do treino. Fundamental após qualquer ‘escapulida’ de treino e alimentação, é retomar a rotina o mais rápido possível. Portanto, quando o momento de descontração passar, já retome sua alimentação e atividades físicas regularmente assim que possível”, aconselha o especialista.
Quanto ao tipo de treino mais indicado (entre aeróbico ou treino de força), Caio ressalta que não há um único tipo que seja melhor para curar a ressaca. “O importante é a pessoa simplesmente retomar ou continuar seguindo a rotina dela. O que pode acontecer é que ela vai ter uma perda de desempenho por estar de ressaca, mas não vai ter um treino melhor ou pior para ela curar esse mal estar. De maneira geral, o álcool só atrapalha e não existe solução melhor do que não beber ou então aguardar o corpo fazer seu trabalho. Se hidratar ainda é a melhor estratégia. Quando se está de ressaca, não é indicado exigir muito esforço do organismo porque ele já está trabalhando e concentrando toda energia celular para se desintoxicar da noite anterior”, destaca.
Segundo Caio, um metabolismo acelerado teoricamente facilita a metabolização do álcool, reduzindo a concentração dele no sangue e, consequentemente, os sintomas de ressaca. Isso ocorre porque enzimas como a álcool desidrogenase (ADH) e a aldeído desidrogenase (ALDH) metabolizam o álcool no fígado, convertendo-o em substâncias menos tóxicas. Desta forma, pessoas com metabolismo rápido têm níveis mais altos dessas enzimas, metabolizando o álcool mais rapidamente. No entanto, de acordo com o especialista, mesmo com um metabolismo acelerado pela frequente prática de atividade física, o consumo excessivo de álcool pode causar ressaca no dia seguinte devido a outros fatores como desidratação e qualidade do sono.
“Treinar após uma noite de bebedeira não é uma solução milagrosa para curar a ressaca. Embora possa ajudar a acelerar o metabolismo e promover uma sensação de bem-estar, é importante lembrar que o corpo precisa de descanso e hidratação adequados para se recuperar totalmente. Portanto, a moderação é a chave, tanto na ingestão de álcool quanto na prática de exercícios físicos durante a ressaca”, finaliza Caio.
Mariana Baia