Vale do Paraíba — Nas últimas semanas, queimadas têm avançado sobre fragmentos de cerrado que integram a cadeia da Serra do Mar e áreas de transição com a Mata Atlântica no Vale do Paraíba, causando destruição de habitats, perda de biodiversidade e preocupação crescente entre autoridades sanitárias e ambientalistas. O fogo atinge tanto áreas mais remotas quanto bordas de propriedades rurais e margens de rodovias, tornando o controle mais difícil e expondo comunidades vizinhas a fumaça e poeira.
Equipes da Polícia Militar têm atuado no combate aéreo e terrestre: o helicóptero Águia foi empregado em lançamentos de água e no apoio tático para direcionar brigadas em solo. A Defesa Civil municipal coordena ações de socorro e monitoramento, enquanto guardas ambientais, brigadistas municipais e voluntários da sociedade civil participam do combate e do atendimento às populações afetadas.
Impacto ambiental: fauna e flora em risco
Os fragmentos de cerrado que ainda existem no Vale do Paraíba são ecossistemas frágeis e com espécies endêmicas. O fogo destrói a vegetação nativa — muitas plantas adaptadas a regimes de queimadas naturais não resistem a incêndios intensos e recorrentes — e elimina o abrigo e alimento de mamíferos, aves, répteis e insetos. Espécies com menor mobilidade, filhotes e ninhos são especialmente vulneráveis. A perda de cobertura vegetal também aumenta a erosão do solo e compromete cursos d’água, afetando a qualidade da água das bacias locais.
Quando o fogo atinge áreas de transição entre cerrado e Mata Atlântica, o impacto é ainda mais grave: essas zonas de contato abrigam alta diversidade biológica e funcionam como corredores ecológicos. Queimadas repetidas fragmentam o habitat e dificultam a recuperação natural, além de favorecer espécies invasoras que se estabelecem após o incêndio.
Riscos para a saúde humana
A fumaça gerada pelas queimadas contém partículas finas (PM2.5 e PM10), gases tóxicos e alérgenos que aumentam o risco de doenças respiratórias e cardiovasculares. Entre os agravos mais comuns estão:
Irritação ocular e de garganta;
Exacerbação de asma e bronquite crônica;
Aumento de consultas por insuficiência respiratória e infecções do trato respiratório;
Risco maior para crianças, idosos, gestantes e portadores de doenças crônicas.
Autoridades de saúde orientam a população a evitar exercícios ao ar livre durante períodos de fumaça densa, manter portas e janelas fechadas, usar máscaras PFF2/N95 quando necessário e procurar atendimento médico se houver sintomas respiratórios intensos.
Mobilização — forças públicas e sociedade civil
O combate aos incêndios no Vale do Paraíba tem sido uma ação conjunta. A Polícia Militar, por meio do helicóptero Águia e das unidades terrestres, atua em apoio direto; as Defesas Civis municipais coordenam evacuação de áreas de risco, atendimento a desabrigados e logística para as equipes; os brigadistas profissionais e voluntários realizam linhas de contenção, aceiros e ataque direto ao fogo. Organizações ambientais, associações rurais e moradores auxiliam com fornecimento de água, transporte e divulgação de áreas de risco.
Campanhas de conscientização e denúncias via canais municipais têm sido fundamentais para identificar focos em rodovias e propriedades privadas. Especialistas enfatizam a importância de ações preventivas: limpeza de áreas de risco, manutenção de aceiros, fiscalização rigorosa de queimadas agrícolas e educação ambiental contínua.
Prevenção e recomendações
Para reduzir novos incêndios e mitigar danos, recomenda-se:
Proibir queimadas agrícolas e de limpeza fora de períodos autorizados e com licença técnica;
Fiscalização efetiva e aplicação de sanções a responsáveis por queimadas ilegais;
Fortalecer brigadas locais e treinamento regular de voluntários;
Implantar planos municipais de prevenção e resposta a incêndios florestais;
Promover programas de recuperação de áreas degradadas com espécies nativas;
Intensificar campanhas públicas sobre riscos das queimadas e medidas de prevenção.
Como a população pode ajudar
Evitar acender fogo em áreas abertas e denunciar fumaça/danos à Defesa Civil local;
Apoiar organizações que trabalham com recuperação ambiental e resgate de fauna;
Seguir orientações sanitárias durante episódios de fumaça (uso de máscaras adequadas, reduzir exposição, procurar atendimento se necessário).
Em caso de incêndio, o contato imediato deve ser feito pelo telefone 193 (Corpo de Bombeiros).
Conclusão
As queimadas no Vale do Paraíba expõem uma combinação perigosa: fragmentos de biomas valiosos, proximidade de áreas habitadas e episódios recorrentes que comprometem a recuperação natural. O esforço integrado entre Polícia Militar (incluindo o uso do helicóptero Águia), Defesas Civis, brigadistas e a sociedade civil é essencial hoje — mas políticas públicas de prevenção, fiscalização e recuperação ambiental são decisivas para evitar que tragédias ambientais e riscos à saúde se tornem rotina.
Francisco Leandro
Wildfires Threaten Cerrado and Atlantic Forest in Brazil’s Paraíba Valley
São Paulo State — Wildfires sweeping through remnants of the Cerrado and Atlantic Forest in Brazil’s Paraíba Valley have destroyed native vegetation, displaced wildlife and filled nearby communities with thick smoke. Environmental experts warn that repeated burns are fragmenting fragile ecosystems and eroding biodiversity.
The fires are being fought by state police units, including the Águia helicopter squad, alongside local Civil Defense teams, volunteer brigades and residents. Authorities have urged the public to avoid open burning and report new outbreaks.
Health officials caution that smoke from the blazes raises the risk of asthma, bronchitis and other respiratory illnesses, particularly among children and older adults. Residents are advised to stay indoors when possible and seek medical care if symptoms worsen. In emergencies, calls should be directed to 193, Brazil’s fire department hotline.